terça-feira, 11 de outubro de 2011

A dor de ser normal

É incrível como o ser humano tem a necessidade de ser reconhecido. Eu diria que essa é a sensação que tem maior número de adeptos, por motivos óbvios. As pessoas trabalham, em geral, por dinheiro e reconhecimento. Acadêmicos elaboram teses, e até eu, atrás da minha humildade (que por vezes gostaria que fosse maior), o almejo.
Mas não basta ser reconhecido. Esse reconhecimento tem que ser convertido numa trajetória hercúlea e imaculada. E isso é especialmente enfatizado quando a pessoa tem uma história triste. Seja vir do interior a perder os pais quando criança, todos têm sua tragédia pessoal que os define e que faz com que sua caminhada seja tão sofrida.
Conheço várias pessoas que agem dessa maneira. Se parar pra pensar, quase todas. Tenho um conhecido muito bem apessoado que já reclamou pra mim porque não sabe quando as mulheres ficam com ele, se é pelo interior ou só pela aparência. Não raro vemos atores, modelos e cantores reclamando de seus trabalhos, pelo ritmo ou condições, sem pensar que os espectadores reúnem pedreiros, mineiros, policiais e outros que se arriscam ou levam os corpos diariamente à exaustão, por salários injustos.
No programa American Idol, você percebe que o candidato vai passar no teste quando a produção resolve contar ou encenar algum acontecimento triste da vida do pretenso artista.
Mas de onde vem essa necessidade de ser sofrido? Por que as pessoas se ofendem se você disser que elas levam uma vida fácil?
Eu, por exemplo, tenho minhas mazelas, mas graças a meus pais maravilhosos, nunca soube o que é passar fome, necessidade ou falta em termos gerais. Mas se você me perguntar, eu já tive que sair da minha casa por conta de enchentes, fui a segunda pessoa a ver uma vizinha morta quando esta se suicidou há muitos anos (com um tiro na cabeça, uma cena violenta que não gosto de lembrar), e também fiquei três dias sem comer nos Estados Unidos algum tempo depois.
Estes fatos, contados assim fora de contexto, podem levar a crer que eu estava sendo sarcástico no início do parágrafo anterior. Mas essas experiências ruins fazem parte da bagagem que me levaram a ser a pessoa que sou hoje (que não cabe valorizar neste momento, menos ainda em público), e me ajudaram a superar outras adversidades.
Não vejo motivo, porém, pra posar de coitadinho e negar o sucesso das pessoas que me levaram a ter a boa vida que tive e tenho, porque isso seria ofender o esforço delas apenas para abrilhantar a minha trajetória. E isso é uma desfeita que eu procuro não fazer.
Então a você, que vive falando que é sofrido, que a vida não lhe faz justiça, uma última história. Essa semana faleceu Steve Jobs. Ele vinha lutando contra um câncer desde 2004, e sucumbiu a ele em 05 de outubro de 2011. O cara era bilionário, e o maior acionista individual da Disney, e a despeito do poder e do dinheiro que tinha, teve o mesmo fim que tantos outros. Não importa se era pobre ou rico antes, ou quanto trabalhou. A história triste não interessa. O legado que ele deixou é de uma pessoa normal com boas ideias, um visionário, um homem com espírito. Convido você a seguir esse exemplo. E o reconhecimento virá, no tempo certo.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Acomodação Condicional

Tenho percebido que as pessoas se conformam com aquilo que a condição lhes proporciona. A isso chamei de acomodação condicional, e ela pode ter um efeito positivo ou negativo, dependendo do ponto de vista.

Se pensarmos que o dinheiro é (e é mesmo) a base da sociedade, teremos que você não possui nada que não seja em função do dinheiro (a não ser que você seja agricultor de subsistência, nesse caso provavelmente não estaria lendo este blog). Adotando a premissa, a próxima conclusão é a de que, tirando a música, todas as suas posses são as melhores que você pôde comprar, mas não necessariamente a que realmente gostaria.

Você tem o carro que pôde ter, o computador que conseguiu comprar, a televisão que cabia no seu orçamento, etc... e o mais engraçado, normalmente pensa com sinceridade que realmente gosta daquilo e que está satisfeito. Já vi discussões onde pessoas defendem veementemente o Gol como um veículo satisfatório na relação custo-benefício. Sem ofensa ao carro ou a seus proprietários, meus amigos, me perdoem a afirmação generalista e categórica, mas o Gol é um carro merda. Ele normalmente não possui acessórios, que quando vêm de série são como maná vindo de Deus ao povo do deserto. E um Golzinho com todos os opcionais provavelmente custará de 5 a 10 mil (isso de cabeça, sem ligar pra ninguém nem pesquisar) mais caro que o modelo básico. 10 Salários mínimos. 10 vezes o pagamento sugerido pelo governo. Não é pouco dinheiro. Como eu disse, o problema não é o Gol, ou o Palio, mas o fato de que o brasileiro aceita os carros que lá fora ninguém quer como se fossem obras-primas da engenharia.

Seguindo a mesma tendência, todo o resto das suas coisas tem o mesmo padrão. Elas não são quem você é, mas de acordo com Chuck Palahniuk, acabam possuindo você. E te definem, quer você queira, quer não. Eles dizem o quanto você queria ou precisava daquelas coisas, a ponto de abrir mão do sonho da coisa perfeita, para comprar aquele que na época você conseguiu.

Sabe quando você vai num lugar que tem um cheiro horrível, mas as pessoas que moram ali parecem não sentir? Isso se chama acomodação sensorial. Da mesma forma, a acomodação condicional que eu aqui proponho faz com que você se acostume com pouco, e aos poucos ache que seu carro está ótimo, sua casa está de bom tamanho, seu emprego está satisfatório. E é quando você começa a estagnar.

É interessante perceber, também, como eu disse antes, que a música foge dessa lógica. Você pode ouvir a mesma música que o Bill Gates ou Steve Jobs, ou Quentin Tarantino (desse eu queria mesmo cópia do playlist). E terá a mesmíssima experiência, e as mesmas impressões, se você desprezar gosto musical e conhecimento técnico. Vou me adiantar ao que alguns possam dizer e discordar veementemente de qualquer pessoa que me diga que o sol também é o mesmo, a terra, etc... porque eles, graças à condição financeira, podem aproveitar isso de formas que eu (e provavelmente você) não podemos.

O ponto é que a pessoa se encolhe a um ponto em que realmente acredita numa mentira que lhe foi subliminarmente plantada (vide 1984), integrando irremediavelmente, daquele ponto em diante, a mediocridade. E ninguém quer isso, ou não quer perceber isso.

Então meu conselho pra você é: tenha o Gol, mas saiba que ele não é nada perto da Ferrari que você sempre sonhou, e se pergunte (e à Volkswagen também, por e-mail, por que não?) por que não existe um equivalente modelo esportivo por um preço justo? Se pergunte por que você não abre seu próprio negócio, já que seu atual emprego não tem perspectivas de melhora. E faça alguma coisa a respeito.

Quem sabe se formos mais chatos, o mundo não fica mais legal, já que somos legais e o mundo é um saco.

PS: Em tempo, eu tenho um Peugeot 307 e adoro :D
PS2: Você já olhou quanto custam os carros mais caros do Brasil no exterior? O Civic e o Corolla são carros de 15 mil dólares. O Focus também. Até o Volvo é mais acessível fora do Brasil.
PS3: O Golzinho, lá fora, ninguém quer.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

set masturbacaoMentalMode = on

Bem-vindo.
Sente-se, eu estava esperando você.
Sinta-se em casa, mas não tire suas roupas, por favor. Também não cutuque suas unhas ou orifícios cuja manipulação seja relativamente socialmente aceita, pois aqui não será.

A ideia principal desse blog é descarregar as circunvoluções mentais que orbitam minha mente. Mas eventualmente posso convidar outras pessoas a postarem. Não sei ainda, não pensei muito bem a respeito.

Mas é isso, vamos a ele.
Abraços a todos e boa sorte para o novo blog!